Alcino Silva
"O esquecer é tão importante
como a memória." Qual
a ambição das neurociências?
A ambição das neurociências é saber
como o cérebro funciona e desenvolver curas para doenças
mentais.
Sugeriu que esquecemos activamente. Acha que o organismo
tem uma “razão” para o fazer?
Sim. O esquecer é tão importante como a memória.
O nosso cérebro detecta muitos detalhes no mundo à
nossa volta que nós não precisamos de guardar
para sempre. Muitas das coisas que aprendemos são erradas
e é essencial esquecê-las.
As descobertas das neurociências
irão gerar novos ramos na ciência?
Eu penso que sim. A informação acerca de como
vemos o mundo vai mudar tudo, incluindo o mundo à nossa
volta. Por exemplo, o nosso laboratório está
a investigar como o cérebro adquire e processa informação.
As leis que estamos a derivar poderão ser usadas para
construir novos meios de informação e de educação,
novos códigos jurídicos que reflectem estas
descobertas acerca de quem realmente somos nós.
O que o levou a fixar-se nos EUA?
A ciência. Há 28 anos atrás era muito
difícil estudar neurociências em Portugal. Agora
as coisas estão muito melhores, mas eu tenho muitas
raízes nos EUA (família, etc.).
Conhecer fascina-o porque:
Na vida só uma coisa realmente conta: ajudar a melhorar
o mundo à nossa volta. Eu vi muito cedo que a melhor
maneira para eu poder pessoalmente fazer isso seria através
da ciência. E eu adoro a ciência: para mim é
trabalho, diversão, paixão... |