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# 51 | 17 Julho 06
 

Professor Tokai Bank de Finanças Internacionais na Kellogg School of Management. Antes ensinou na University of Rochester e na Universidade Católica Portuguesa.
Tem publicado regularmente sobre finanças internacionais e macro-económicas.
Estudou as causas dos ciclos económicos e o impacto das políticas económicas. Actualmente estuda as grandes desvalorizações das taxas de câmbio e especulação monetária.
Recebeu uma Sloan Fellowship, uma Olin Fellowship do National Bureau of Economic Research, apoios da National Science Foundation e do World Bank.
É membro do National Bureau of Economic Research e do Center for Economic Policy Research.
Foi membro do corpo editorial de várias publicações, nomeadamente da American Economic Review, da European Economic Review, do Journal of Monetary Economics, e do Journal of Economic Growth.
Tem sido consultor do World Bank, do International Monetary Fund, do Board of Governors do Federal Reserve System, do European Central Bank, do McKinsey Global Institute, e de outras organizações.
Doutorou-se em Economia na University of Rochester.

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Sérgio Rebelo
“Podemos vir a ser um dos países mais ricos do mundo.”

Qual o efeito das políticas económicas sobre as taxas de crescimento económico?
É muito difícil isolar o efeito de cada instrumento de política económica sobre a taxa de crescimento. Mas sabemos que países que crescem seguem em geral políticas fiscais responsáveis, têm uma política monetária estável e um sistema financeiro eficiente. São também países que defendem os direitos de propriedade, tem um sector de educação que funciona, e uma economia aberta ao comércio internacional.

O que causa os ciclos económicos?
Os ciclos económicos são causados por vários tipos de choques. No século XIX e princípios do século XX a instabilidade no sector financeiro, que levava a falências periódicas no sistema bancário, foi uma fonte importante de flutuações económicas. As variações no preço do petróleo, o ritmo a que novas tecnologias são introduzidas na economia, as mudanças no nível de despesa pública e impostos e as variações nas expectativas dos agentes económicos, são outras fontes potenciais de flutuações económicas. A política monetária, dependendo da forma como é conduzida, pode contribuir para reduzir ou acentuar a amplitude dos ciclos económicos.

O que leva às crises financeiras?
Os depósitos bancários são, em todo o mundo, garantidos de forma implícita ou explícita pelo governo. Isto dá um incentivo aos bancos para assumirem riscos demasiado elevados porque sabem que, se os seus investimentos correrem mal, o governo vai-se ver obrigado a compensar os depositantes de forma a que estes não percam dinheiro. A crise dos bancos de poupança nos Estados Unidos nos anos 80 e as crises bancárias da ásia nos anos 90 foram causadas por falhas de supervisão bancária que permitiram aos bancos fazer investimentos muito arriscados que acabaram por correr mal.

Qual o impacto real da revolução digital sobre a produtividade?
Demora tempo até que os efeitos de uma revolução tecnológica se façam sentir sobre a produtividade. Os trabalhadores e empresas precisam de tempo para aprenderem a tirar partido das novas tecnologias. Foi assim com a introdução da electricidade nos Estados Unidos nos fins do século XIX e princípios do século XX e o mesmo se passou com a introdução dos computadores pessoais e da internet. Mas ninguém duvida que os grandes aumentos de productividade nos Estados Unidos que se registaram a partir dos finais dos anos 90 se devem, em grande parte, à revolução digital.

O que é uma recessão?
É uma situação em que a produção e o nível de emprego caem. Nos Estados Unidos as datas em que as recessões começam e acabam são determinadas pelo National Bureau of Economic Research (NBER). O NBER considera que uma recessão precisa de ter três Ds: “depth” (profundidade, o nível de actividade económica tem que cair significativamente), “duration” (duração, o declínio na actividade económica tem que durar mais que um trimestre), e “diffusion” (difusão, a recessão tem que afectar a maioria dos sectores económicos).

Conhecendo os actuais vectores de orientação da política económica portuguesa, quais os maiores riscos que Portugal enfrenta?
A economia Portuguesa tem um potencial extraordinário. Fizemos progressos notáveis desde 1950 e podemos vir a ser um dos países mais ricos do mundo. Portugal está cheio de pessoas com talento e produtos com qualidade para vingar no mercado mundial. Precisamos de libertar toda a criatividade e potencial do nosso sector privado em vez de apostarmos na despesa pública como motor do crescimento económico. É importante continuar a diminuição do peso burocrático do Estado sobre a actividade privada. É preciso tornar a administração pública mais eficiente para que se possam produzir melhores serviços públicos com uma menor carga fiscal. O sistema legal português, que é lento e ineficiente, precisa de ser revisto. O mercado do emprego precisa de ser mais flexível para que Portugal se possa adaptar bem às grandes transformações estruturais que estão a acontecer na economia mundial. E o nosso sistema educativo precisa de ser melhorado para preparar trabalhadores que possam trabalhar em actividades bem remuneradas e evitar a concorrência com o trabalho não qualificado da China e de outros países em vias de desenvolvimento.

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Editor
António Coxito
Produção
Ricardo Melo
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