Rui G. Moura
“Good news are not news.”
O que é uma teoria científica?
Desde os meus tempos de estudante que nunca gostei de definições
do género «a Física é a ciência
que estuda os fenómenos físicos». Isto
antes mesmo de se ter uma noção exacta do que
são fenómenos físicos. Para definir o
que é uma teoria científica talvez devêssemos
começar por discutir se a teoria começa quando
se nos colocam problemas para resolver ou se ela termina com
mais problemas. O que se coloca primeiro é o problema
ou é a teoria? Em todo o caso podemos definir uma «teoria
científica» como uma solução provisória
para explicar determinado(s) fenómeno(s) da Natureza.
Provisória porque se admite que ela venha a ser refutada
e substituída por outra que explique melhor e faça
melhores previsões. Assim, uma teoria para ser científica
tem de admitir a possibilidade da realização
de um ensaio – nos tempos mais próximos –
que a possa refutar. Mas, mesmo o facto de a teoria resistir
a esse ensaio não quer dizer que ela seja uma solução
definitiva.
É pretensioso dizermos que o
Homem pode influenciar o clima do Planeta?
É não só pretensioso como errado. Desde
Arrhenius que se coloca esta questão. O clima (o que
é o clima?) do nosso planeta é influenciado
por um grande número de fenómenos, nem todos
ainda suficientemente bem explicados. Depende inclusive de
parâmetros astronómicos. Isto é, também
depende dos planetas nossos vizinhos. Uns fenómenos
têm maior influência do que outros. O homem, como
ser da Natureza, não tem capacidade para ter uma influência
determinante no clima. Confunde-se clima com a poluição.
Aqui sim, o homem tem uma influência enorme. Mas no
clima não.
Resumidamente, o que diz a Teoria dos
Anticiclones Móveis Polares (AMP)?
Aqui está umas das perguntas que para se responder
completamente teríamos de escrever um tratado de meteorologia
e climatologia. Resumindo, a teoria dos AMP explica a circulação
geral da atmosfera (mais propriamente no estrato inferior
da troposfera) que é determinante – mas não
única – para a dinâmica do tempo e do clima.
Esta teoria explica que os AMP são os principais responsáveis
tanto nas altas como nas baixas latitudes pelas variações
da pressão atmosférica, pelas direcções
e velocidades do vento, pela temperatura, pela humidade, pela
nebulosidade e pela pluviosidade. Em resumo, os AMP são
responsáveis pela variação perpétua
do tempo e pela variação do clima. Essa responsabilidade
vem desde tempos imemoriais até aos nossos dias. São
os AMP que iniciam as glaciações e as terminam.
Nos períodos interglaciários, como o que vivemos,
responsabilizam-se pela irregularidade do tempo e do clima
que conhece curtos períodos de estabilidade conhecidos
como óptimos climáticos. Nos nossos dias eles
estão a preparar a próxima glaciação
que pode ocorrer mais depressa do que se imagina. De facto,
as mal designadas “alterações climáticas”
não são mais do que as premissas da primeira
fase de uma glaciação. Temos de guardar as devidas
proporções pois a escala temporal do clima não
se conforma com a duração da vida dos humanos.
Será possível incorporar
num modelo matemático todos os dados de previsão
climatológica?
Actualmente não. Não há nenhum modelo
matemático-informático que tenha incorporado
a teoria dos AMP. E, como se viu, eles são determinantes
para o clima. O que torna aliciante para a previsão
climática é que os AMP são imprevisíveis
nas suas trajectórias. Neste momento, os climatologistas
da Universidade de Lyon estão a estudar a estatística
das trajectórias dos AMP boreais. Com esse estudo poder-se-á
calcular o integral da potência desenvolvida no movimento
de um AMP desde que nasce até a um determinado ponto.
Se for possível integrar todos os dados para uma previsão
climatológica poupar-se-ão muitas vidas humanas.
Em todo o caso, com as observações dos satélites
meteorológicas, desde que nasce um AMP já se
poderia prever com alguma precisão as consequências
dele durante a sua trajectória. Mas o drama é
que, infelizmente, os serviços meteorológicos
– não só os nacionais – ainda não
conseguem fazer essa avaliação por não
dominarem a teoria dos AMP. Por exemplo, se o centro de Miami
especializado em furacões estivesse apto a incorporar
os AMP nos seus modelos (que se baseiam nas médias
anuais) muitas vidas humanas teriam já sido poupadas.
De facto, um furacão procura seguir a trajectória
onde encontra as pressões mais baixas. Ora, isso acontece
nas faces frontais dos AMP. E em Miami desconhecem os AMP!
Quais os responsáveis por esta
desinformação: os “climatocratas”
com os seus modelos informáticos, ou os media com as
suas novelas sensacionalistas?
Os dois. Os climatocratas-modeladores porque se convencem
e querem convencer que dominam a “máquina do
tempo”. Os media porque adoram angustiar a opinião
pública. A angústia é o produto que mais
vende quando inscrito no papel que se compra cheio de “bad
news” (good news are not news). E, as
“bad news” propagam-se a uma velocidade próxima
da velocidade da luz no vazio.
Qual o efeito que o bater de
asas de uma borboleta sobre os céus de Hong-Kong pode
ter sobre o clima de Lisboa?
Nenhum. Essa ideia está associada à teoria do
caos. E a circulação atmosférica é
tudo menos caótica. Os AMP são constituídos
por massas de ar frio absolutamente bem organizadas. O caos
só existe nas explicações de quem não
sabe explicar o que se passa nas camadas baixas da troposfera.
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