O que distingue
tumores foliculares de tumores capilares?
Existem diferenças entre os tumores foliculares
e papilares a nível morfológico, isto
é, quando se observam os tumores ao microscópio
eles têm um aspecto diferente. A característica
mais marcada dos tumores papilares é o facto
de estes possuírem núcleos muito característicos…
(núcleos com aspecto vazio, muito grandes e com
fendas). Estes dois tipos de tumores são também
diferentes sob o ponto de vista clínico, os carcinomas
foliculares metastizam via vasos sanguíneos enquanto
que os carcinomas papilares metastizam via gânglios
linfáticos.
Porque é que questiona a actual classificação
dos tumores da tiróide?
O que nós mostramos com o nosso trabalho é
que, sob o ponto de vista molecular, existe um subtipo
de carcinomas papilares da tireóide – as
variantes foliculares do carcinoma papilar – que,
pelo menos alguns destes tumores, se aproximam mais
dos carcinomas foliculares.
Estas diferenças ao nível molecular
manifestam-se no comportamento clínico dos tumores?
Ainda não sabemos se estas características
moleculares se manifestam no comportamento clínico.
Estamos a estudar esse aspecto. O que sabemos é
que estas variantes do carcinoma papilar têm um
comportamento clínico um pouco diferente dos
carcinomas papilares clássicos.
Que avanços permitirá o seu estudo
ao nível do diagnóstico de tumores?
Este tipo de estudo pode ajudar numa melhor sub-estruturação
na classificação dos carcinomas da tireóide.
Ainda é prematuro dizer se isto vai influenciar
no tratamento ou na vigilância destes doentes.
Sente que a sua investigação
é feita no seio de uma instituição
(IPATIMUP) ou que pertence a uma rede mundial de investigadores?
Nenhuma investigação é levada a
cabo de forma isolada. No paper premiado existem investigadores
de diferentes instituições portuguesas
e autores estrangeiros. Quase todos (ou mesmo todos)
os investigadores do IPATIMUP têm sempre uma rede
de contactos com investigadores de outros países.
Biografia
Investigadora do Instituto de Patologia e Imunologia
Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), venceu
o III Prémio Sérgio Vidal para jovens
investigadores, atribuído pela Universidade de
Santiago de Compostela. Trata-se de um prémio
que pretende distinguir o melhor trabalho de investigação
publicado nos anos 2005 e 2006 por um investigador com
idade igual ou inferior a 35 anos. O trabalho desta
Investigadora do IPATIMUP, que questiona a classificação
dos tumores da tiróide, foi também publicado
pelo Journal of Clinical Endocrinology Metabolism, considerada
a revista de endocrinologia mas prestigiada do mundo.
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